Filipa aproveitou para fazer a viagem até Seia por uma zona
onde já tinha passado férias e que adorava. Fez o percurso por Avô, Aldeia das
Dez, Vide, S. Gião, S. Romão e depois só parou já no Museu do Pão. A viagem
decorreu quase normal, não fossem os enjoos provocados pelas curvas. Foi tão
bom passar por todos aqueles locais, adorava particularmente Avô, a sua piscina
natural e Vide, a ponte de pedra.
Quando chegou ao Museu do Pão, quase toda a família já tinha
chegado e estavam sentados em duas mesas. As tias chamaram-na logo para junto
delas, olharam-na mas não comentaram nada de especial. O almoço decorreu com
algumas gargalhadas, Filipa perdeu-se nas entradas, os ovos, os enchidos, os
queijos, deliciou-se. Quando deram pelas horas já era tarde, mais um pouco e
não conseguiriam ir até à Torre comprar o queijo e o presunto.
A caminho da Torre e ao passar o Sabugueiro, tinha ficado
combinado parar no Sabugueiro para a tia Maria Antónia cumprimentar uns amigos
de longa data que ali tinham um estabelecimento. Filipa iria aproveitar para ir
a uma casa de banho, aquele estado de graça obrigava-a a ir à casa de banho com
mais regularidade. De repente Filipa parou, era o carro de António que estava
ali parado, o seu Toyota Prius Hybrid, de cor preta, e aquela era a matrícula
dele. O que faria ali António, não se conseguia mexer, tinha bloqueado e o seu
coração disparou.
Filipa desconhecia que António tinha ali uma casa de
família. E António desconhecia que os seus tios eram amigos de longa data da
tia de Filipa. António estava com o seu tio a provar um novo vinho que tinha
acabado de chegar, quando sentiu um perfume que lhe era muito familiar, olhou
para ver quem usava um perfume igual ao de Filipa, mas era a Filipa em pessoa.
O que estaria ela ali a fazer. Decidiu ir ao seu encontro, ela tinha entrado na
casa de banho, iria esperar que ela saísse.
- Olá Filipa!
- Vi um carro parecido ao teu lá fora, mas não imaginava que era teu – mentiu Filipa.
- Sim é o meu carro.
- Tudo bem contigo António? Como está a Margarida e o bebé?
- Tudo bem comigo, sim. Obrigado. A Margarida sofreu um aborto espontâneo logo a seguir àquele fim-de-semana e entrou em depressão.
- Lamento António – Filipa empalideceu.
- Obrigado. E tu Filipa como estás? – notou que ela tinha perdido peso.
- Sim, claro que está tudo bem – conseguiu sorrir.
- O que fazes aqui?
- Vim a um almoço com a minha família e ali a minha tia Maria Antónia é amiga de longa data dos proprietários deste estabelecimento.
- Esses senhores são meus tios Filipa.
- Não sabia que tinhas família aqui – Filipa estava mesmo surpreendida.
- Sim, tenho. Ali a casa onde está o meu carro é minha.
- És um privilegiado António, esta zona é muito bonita. Adoro aquele riacho que corre ali fora – e apontou.
Entretanto os familiares de Filipa começaram a sair e ela
aproveitou para se despedir de António, deu-lhe dois beijos no rosto e o seu
corpo estremeceu.
- Até uma próxima António
– virou-se e começou a andar muito rapidamente.
- Filipa – António puxou-a
pelo braço.- Sim.
- Filipa, tenho saudades tuas.
- António tenho mesmo que ir.
- Podemos marcar um jantar?
- Não em parece conveniente, a Margarida deve precisar muito do teu apoio neste momento.
- Filipa eu depois telefono-te.
Filipa assentiu e desapareceu.