quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O inesperado

As últimas semanas tinham sido passadas entre Lisboa e Nazaré. Estava quase a chegar a casa de Filipa, à semelhança de outros dias, hoje levava um ramo de 33 rosas brancas, sabia o quanto ela gostava de números com capícuas. Ansiava por a abraçar, por a beijar, por a amar, adormecer abraçado a ela.
  
Quando chegou, Filipa esperava-o com um sorriso luminoso, abraçou-o e beijou-o. Estava descalça, com um dos seus muitos leggins pretos, aqueles tinham um pequeno laço em cada perna, tinha um top cai-cai branco e o cabelo estava solto. O seu perfume era uma das coisas que a caracterizavam, assim como os brincos, umas pérolas brancas pendentes. Tão linda. Tão cândida. Tão perfeita para amar e como desejava amá-la.

 - Tinha saudades tuas - disse António.
- Eu também tinha muitas... assim muitas muitas - disse Filipa com um terno sorriso.
- Tenho um presente para ti.
- Um presente?! Tu mimas-me com tanto presente.
- Espera um minuto, vou ao carro buscar.
  
Quando António entregou o ramo das 33 rosas brancas a Filipa, os seus olhos ficaram húmidos.
  
- És tão atencioso. Rosas Brancas e tantas.
- Sim. Eu sei que esta é a tua cor. Espalha estas rosas pela casa.
- É para já my love - Filipa beijou-o e saiu à procura de jarras.
  
Filipa estava muito feliz, amava António como nunca tinha amado algum homem, sabia que aquela relação era uma relação sem compromissos, nunca tinham falado sobre esse assunto, mas sabia que António era assim, um empresário de Lisboa, sem planos para o futuro. Ele tinha-lhe dado a melhor dádiva da vida e queria muito partilha-la com ele, talvez ao jantar. Sabia que ele iria estar sempre que possível presente, mas sem obrigações, sem compromissos.
  
O telemóvel de António começou a tocar, era Margarida, a sua ex-esposa. Ficou surpreendido com o telefonema e atendeu.
  
- Sim, boa tarde Margarida! Tudo bem?
- Boa tarde António! Tudo, mais ou menos.
- O que se passa? - disse António preocupado.

 Quando António desligou o telemóvel, estava sem palavras, aquilo não lhe podia estar a acontecer, a Margarida estava grávida e ele ia ser pai. Mal se lembrava daquela noite. Numa das suas idas ao Porto foi jantar com Margarida, à semelhança do que acontecia normalmente. Mas naquela noite a Margarida estava triste, tinha terminado a relação que mantinha com o namorado há 3 anos. Chorou e bebeu um pouco mais que o normal, insistiu para que António entrasse quando a deixou em casa. E depois as coisas aconteceram, ela beijou-o, pediu-lhe para ele a amar como fazia nos tempos de faculdade, as coisas evoluiram e acabaram por fazer amor. No dia seguinte António pediu-lhe desculpa, por se ter deixado levar. Não a queria magoar. Desejava que ela ficasse bem e que em breve se apaixonasse.
  
Agora estava perante uma gravidez que não tinha sido desejada, aliás só se imaginava pai dos filhos de Filipa, sabia o quanto ela desejava ter gêmeas. Como é que ela iria reagir àquela notícia. Aqueles lindos olhos iam ficar inundados de tristeza e ela não o ia deixar protegê-la mais. Tinha de ir falar com ela.

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