Laura já ia com 5
minutos de atraso, tinha adormecido. Parecia que o universo estava contra ela,
os carros não andavam, alguém decidiu parar no meio da estrada. Logo naquele
dia, era dia de receber encomendas de fornecedores, finalmente iam chegar os
cake stands, provenientes dos Estados Unidos. Peças feitas com moldes dos
anos 50, manualmente, em vidro milk-glass, sendo um produto bastante pesado e
sólido, implicavam que o transporte das mesmas fosse bastante caro, além dos
elevados direitos Alfandegários. Mas eram pratos que ficavam simplesmente
maravilhosos numa mesa, valiam o investimento, pois embelezavam qualquer
decoração e qualquer bolo.
O negócio estava a
correr bem, mais uns 2 anos e já poderia começar a investir na casa que tinha
sido da sua avó materna. Queria muito transformar aquele espaço numa espécie de
Turismo Rural. Um sítio onde poderia receber pessoas que buscavam harmonia e
contacto com a natureza.
Mal tinha entrado na
loja, entrou logo o fornecedor.
- Bom dia dona
Laura!
- Bom dia Sr.
Miguel! Pensava que não conseguia chegar a horas.
- Como vi a
porta fechada, fui beber um café. Sabia que teria que pagar mais se tivesse que
voltar cá na segunda-feira (piscou-lhe o olho).
- Obrigada!
Muita generosidade da sua parte.
Com a pressa toda
quando saiu de casa, esqueceu-se do telemóvel. Era o dia de aniversário da sua
prima Maria. Assim enviaria um e-mail. Quando abriu o correio electrónico,
tinha um longo e lindo e-mail de Rui Pedro. Dentro de dias ele viria de férias
para Portugal e Laura ia almoçar com ele.
Há 3 anos atrás
recebeu por engano um e-mail com uma proposta de preços para aquisição de um
BMW, um Z3. Por educação respondeu ao e-mail e informou que o tinha recebido
por engano, pois não tinha contactado a BMW para adquirir um carro. Por
ironia do destino ou não, desde aquela data que quase todos os dias trocou
e-mails com Rui Pedro. Sabem quase tudo da vida um do outro, mas nunca se
encontraram. Ficou estabelecido que no aniversário dele iriam almoçar juntos à
beira do Rio Tejo. A data estava a aproximar-se e ela ainda não tinha escolhido
o presente. Sábado compraria uma caneta de aparo da Montblanc na linda cidade
do Porto. Queria que aquela caneta simbolizasse a tinta que serviu para
escrever os e-mails trocados.
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