Rui Pedro sentiu que estava em casa mal o
avião aterrou, entrou num táxi e foi rumo ao seu duplex com vista para o Rio
Tejo, no Parque das Nações. A sensação de conforto que o invadiu deixou-o
emocionado. Tantos momentos bons, solitários, entre amigos, com a família ali
foram vividos. O cheiro daquela cidade era único.
Adorava a Baviera e até já fazia parte da
sua rotina, ao fim-de-semana ir assistir aos jogos do Bayern Munique. Mas agora
em Portugal sentia-se em
casa. Este era o seu país. Cada vez mais considerava a
possibilidade de regressar a título definitivo, não queria o dinheiro por
ganância, mas como porta de acesso para pequenos prazeres, como viajar. À
medida que o tempo passava, pensava que o cliché de ser feliz ou não, de uma
forma simplista, podia não ser mais do que o balanço entre a quantia de
momentos bonitos que guardava na memória face aos menos bons. Uma vez tinha
lido num livro que "só
começamos a viver, quando encontramos algo pelo qual estamos dispostos a morrer"... Odiava pensar que ainda não tinha começado a
viver... não seria certamente a quantidade de matrículas BMW que alimentariam
tal.
O Telemóvel deu sinal de uma mensagem
nova. Devia ser a sua irmã, tinha combinado ir à sua quinta jantar com toda a
família. Tantas saudades, os seus sobrinhos teriam crescido imenso, desde a sua
última visita. Mas ainda tinha tempo para tomar um banho para se refrescar da
viagem. Tinha deixado a bateria do seu Land Rover desligada, o jipe pegou logo
à primeira tentativa, que bom, iria abastecer e seguir viagem até à Cidade
Invicta.
Quando passou pela sinalização que
indicava a saída para Coimbra, lembrou-se de Laura, o que estaria a fazer.
Tentou telefonar-lhe, mas ela não atendeu a chamada. Mais tarde tentaria
novamente. Iriam almoçar juntos no Sábado, isto se ela não mudasse de ideias na
última hora, era impressionante como aquela mulher se escondia.
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