quarta-feira, 20 de junho de 2012

A enóloga


Na linda cidade do Porto, Rui Pedro tinha uma magnífica recepção à sua espera. A sua irmã tinha preparado um belíssimo jantar e até tinha uma convidada especial. Devido ao clima húmido que se fez sentir durante o ano, desenvolveu-se um fungo nas uvas do vinhedo da família, Para tentar ultrapassar o problema, Luísa, irmã de Rui Pedro, tinha convidado a famosa enóloga Joana Catarina, que ia ajudar na primeira produção de vinho de colheita tardia.
Rui Pedro ficou deslumbrado com aquela mulher de estatura baixa, com um cabelo louro a emoldurar um rosto muito expressivo. Não conseguia ver a cor daqueles olhos que estavam escondidos nos óculos escuros.
 - Rui Pedro, apresento-te a minha convidada, Joana Catarina.
 - Joana, este é o meu famoso irmão que só me vem visitar umas duas vezes por ano, Rui Pedro.
 - É um prazer conhecer uma convidada da minha irmã – cumprimentou-a com dois beijos e ficou maravilhado com o perfume cítrico e floral que envolvia aquela mulher.
 - Igualmente, já ouvi muito sobre si, sobre as suas aventuras nos vinhedos da família.
 - Não acredite em tudo o que ouve nesta quinta – piscou o olho a Joana Catarina.
Só quando entraram e foram para a sala onde se iria realizar o jantar, é que Rui Pedro conseguiu ver a cor dos olhos daquela pequena que o tinha enfeitiçado. Eram cor de avelã. Estava tão absorto naquela linda convidada quem nem se apercebeu que a sua irmã estava ali ao seu lado a observa-lo.
 - Eu sabia que ias ficar encantado!
 - Sabias?!
 - Sim – sorriu.
 - Então vamos produzir uma colheita tardia?
 - É verdade, já tinha este desejo há muito tempo, a humidade que desenvolveu o fungo, permitiu apenas que seja concretizado ainda este ano.
O jantar decorreu com muita harmonia, a comida estava deliciosa. O vinho tinha sido devidamente seleccionado. A conversa fluía entre todos os presentes e os olhos de Rui Pedro estavam perdidos no outro extremo da mesa, em Joana Catarina.
O seu telemóvel deu sinal de mensagem nova, era Laura. Estava a tentar saber se já estava em Portugal. Queria falar com ela, mas agora não era oportuno. Quando fosse para o quarto já lhe iria enviar um e-mail, a mencionar que tinha encontrado uma mulher linda, logo no seu primeiro dia de regresso a Portugal.
Depois do jantar Rui Pedro levou os sobrinhos para os respectivos quartos e deliciou-se a ler histórias para eles adormecerem. Estavam mais crescidos. Martim já tinha 4 anos e Carlota tinha apenas 2 anos. Nem se tinha apercebido de como tinha tantas saudades deles.
Assim que adormeceram e antes de se retirar para o seu quarto, desceu. Queria ver se ainda encontrava a enóloga loura. Ela estava com a sua irmã, estavam a preparar chá de frutos silvestres. Já se sentia o aroma. Aproximou-se e apesar de não gostar muito de chá, ofereceu-se para as acompanhar. Luísa muito discretamente saiu e deixou-os sozinhos.
No dia seguinte quando Laura abriu o correio electrónico, sentiu um aperto dentro dela. Rui Pedro estava apaixonado por uma enóloga, perdidamente apaixonado. Teria que arranjar maneira de não ir almoçar com ele no Sábado.

“Rui Pedro,

Bom dia!
A tua irmã é uma querida. Sabe sempre como te fazer uma grande recepção!
E depois tiveste um bónus. Uma convidada que te aqueceu o coração.
Como está a família? Os teus sobrinhos adormeceram no teu colo?

Aconteceu um imprevisto e Sábado já não vou poder ir a Lisboa, lamento. Teremos que marcar nova data para o nosso almoço.

Aguardo sugestões!

Beijo”

No dia seguinte já tinha uma resposta.

“Laura,

Já sabes, a minha irmã adora ter convidados em sua casa. Aqui os jantares nunca são monótonos. Relativamente ao bónus, foi uma agradável surpresa. Parece uma fada. Hoje passei parte do dia com ela nos vinhedos. Ela tem família aí em Coimbra, quem sabe ainda a conheces…
Também queria falar contigo acerca do almoço de Sábado. A minha irmã está a preparar uma festa. Diz que a celebração do meu quadragésimo aniversário deve ser memorável. Assim sendo, gostaria que viesses cá, a minha irmã disponibilizou um quarto, para o caso de quereres passar depois cá a noite.
Fico a aguardar pela tua resposta.

Beijos”

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